quarta-feira, 7 de agosto de 2019

História do Cordel em exposição na Biblioteca Mário de Andrade

O Cordel foi assunto em uma roda de conversa ontem, 06/08/2019, na Biblioteca Mário de Andrade. Estive lá e presenciei tudo durante a abertura da exposição “Cordel – A História dos Folhetos Nordestinos no Acervo da Mário”. Mediada por Rita Palmeira, a roda teve a participação do curador Rizio Bruno Sant’Ana e do poeta e compositor Moreira de Acopiara. Estava prevista também a participação da cordelista Jarid Arraes, que infelizmente não pôde comparecer.


De acordo com Rizio, foram adquiridos seis mil folhetos de cordel do ex-embaixador Rubem Amaral Jr. que se somaram aos 330 que já pertenciam à biblioteca. A partir deles foram selecionados os 150 que estão expostos no 3.o andar do prédio para visitação até 30 de agosto. 


Quem vier à exposição poderá ver capas de publicações portuguesas, espanholas e brasileiras e apreciar uma variedade de temas como cangaço,  questões sociais, como seca e miséria, amor, religiosidade, política ou ainda temas variados como a ida do homem à Lua, por exemplo. Segundo o curador, os folhetos poderão ser requisitados na biblioteca para leitura.




A conversa com o cordelista Moreira de Acopiara foi pra lá de interessante. Nascido Manoel Moreira Junior acabou, por influência de amigos, adotando o nome da cidade onde viveu até os 20 anos como sobrenome artístico.
Aos 13 anos escreveu seu primeiro cordel. Ao mostrá-lo a Patativa do Assaré ouviu dele que seus versos eram ruins, fora da métrica, mas, que estavam acima da média para um garoto.
O poeta credita seu amor pelo cordel ao fato da mãe professora e o pai agricultor terem acostumado seus ouvidos ao ritmo do cordel. “Na fazenda não havia televisão, rádio e o jornal só chegava uma vez por semana”, ele conta. Lá se fazia uma espécie de sarau e os cordéis eram decorados até por quem não sabia ler.
Para citar exemplos de cordéis famosos lembra que quando Getúlio Vargas morreu seu cordel foi um fenômeno de vendas, e que quando o homem pousou na Lua havia muitos boatos de descrença, mas, que a partir do momento que as pessoas liam a história em cordel, passavam a acreditar.
Defende o objeto de sua arte com garra e carinho. Explica que por ter uma linguagem simples, facilita a memorização e pode auxiliar na educação.
É com carinho também que fala de suas oficinas de cordel em um centro de detenção em Diadema.
Perguntado sobre sua impressão a respeito da internet ele afirma que “só veio para ajudar, até na pesquisa e divulgação”. Conta que teve a oportunidade de introduzir o cordel na rede a partir de uma peleja ainda pelo Orkut competindo em versos com Glauco Mattoso.
Expresso aqui o meu agradecimento ao poeta Moreira de Acopiara que gentilmente me presenteou com dois de seus cordéis, creio que mais recentes. “Norte e Nordeste Independentes” é em minha opinião um hino maravilhoso à igualdade e “Diferenças” traduz a diversidade e faz uma crítica à sociedade – só pra rimar.

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