Por que será que hoje em dia
as pessoas acham que podem resolver tudo pelo WhatsApp?
Nada contra essa rede
social. Pra falar a verdade, eu até a uso com frequência. Mas utilizo para o
fim que acho que ela deva ser usada: para falar diretamente com familiares e amigos,
sobre assuntos que não são tão urgentes, em lugar de ligar e correr o risco de
interromper algo que a pessoa esteja fazendo (detesto quando acontece comigo!).
Nada de ficar esperando resposta na hora, vendo se visualizou ou não e essas
paranoias todas. Também participo de alguns grupos, novamente de familiares, de
amigos, de pessoas com interesses comuns etc.
Só que tem um lado maléfico
dessa rede que faz com que as pessoas percam a noção do que é se relacionar em
comunidade ou em sociedade. Parece que estão em uma arena, prontos a atacar quem
quer que seja, sem qualquer risco ou dor na consciência.
Primeiramente, está cheio de
gente por aí que passou a se “informar” por WhatsApp, ou por sua versão russa,
o Telegram. E o pior é que acham que uma “notícia” recebida por essas redes é
mais confiável que qualquer jornal televisivo, impresso ou mesmo virtual. Quem
já não ouviu de um conhecido: “Ah, não assisto mais nada na TV, não perco meu
tempo”. Como jornalista, embora eu não atue na área, sinto-me tremendamente
ofendida quando ouço algo parecido. Afinal, sei o quanto trabalham os
profissionais desses veículos para tentar buscar e levar a informação a todos.
É claro que ninguém é perfeito,
nem os veículos são, embora a maioria busque a melhoria contínua. Há sempre uma
subjetividade impregnada muito difícil de anular, quando não há ações tendenciosas
a serviço de interesses obscuros. Não vem ao caso me aprofundar nas diversas
teorias de comunicação que já se aprofundaram nesse tema. Basta dizer aqui que,
se corremos o risco de nos equivocar a respeito de um assunto, tomando como base
o noticiário oficial, como confiar cegamente numa postagem de aplicativo, quase
sem qualquer controle, onde cada um publica o que quer?
Por isso, pode ser óbvio,
mas o que eu faço e aconselho é que ouçam, leiam, assistam tudo o que puderem. Leiam
tanto o jornal preferido, quanto aquele com que não se identificam tanto, sintonizem
as suas rádios preferidas e também aquelas que não lhes agradam muito, destinem
parte do seu tempo a assistir à emissora da qual são fãs, mas deem uma espiada
também naquela outra... Façam isso, alternadamente, durante o tempo que lhes
convier (jamais o tempo todo!) e ponham o seu raciocínio, o seu conhecimento, o
seu sexto sentido, tudo isso junto pra funcionar. Depois, tirem vocês mesmos as suas
conclusões. Construam as suas opiniões, sem que ninguém as traga prontas pra
vocês.
Mas essa crônica está
ficando longa demais e não abordei ainda o que pretendia. O que me motivou a
essa reflexão foi me deparar com um monte de ofensas e acusações que encontro vez
ou outra, em grupos de condomínio. Por que será que as pessoas acham que estão
exercendo a sua cidadania, fazendo a sua parte como condômino, falando mal do síndico ou da forma como o condomínio
vem sendo administrado, ou da forma que acham que ele vem sendo administrado,
apenas com o que querem enxergar, ou no que querem acreditar, sem ao menos
conhecer com profundidade o seu trabalho, suas atribuições e ações, sem
frequentar reuniões e assembleias (sim, pasmem, frequentar assiduamente e de
forma participativa), sem nunca, nunca mesmo, ter lido o regulamento, a
convenção, sem ter procurado analisar com cuidado um livro de prestação de
contas, ou depois disso questionado, com educação e respeito, alguma ação com a
qual não concordem. Dá trabalho isso, né? É mais fácil postar achismos,
fofocas, coisas que ouviram falar, conclusões precipitadas e por aí vai. Causa
mais impacto, dá mais ibope, tem consequências mais rápidas...
Consequências. O ponto ao
qual eu queria chegar. Sim, pense nelas. E pense na sua responsabilidade em
relação a elas. Só isso.