sábado, 28 de janeiro de 2023

WhasApp - como a gente usa?

Por que será que hoje em dia as pessoas acham que podem resolver tudo pelo WhatsApp?

Nada contra essa rede social. Pra falar a verdade, eu até a uso com frequência. Mas utilizo para o fim que acho que ela deva ser usada: para falar diretamente com familiares e amigos, sobre assuntos que não são tão urgentes, em lugar de ligar e correr o risco de interromper algo que a pessoa esteja fazendo (detesto quando acontece comigo!). Nada de ficar esperando resposta na hora, vendo se visualizou ou não e essas paranoias todas. Também participo de alguns grupos, novamente de familiares, de amigos, de pessoas com interesses comuns etc.

Só que tem um lado maléfico dessa rede que faz com que as pessoas percam a noção do que é se relacionar em comunidade ou em sociedade. Parece que estão em uma arena, prontos a atacar quem quer que seja, sem qualquer risco ou dor na consciência.

Primeiramente, está cheio de gente por aí que passou a se “informar” por WhatsApp, ou por sua versão russa, o Telegram. E o pior é que acham que uma “notícia” recebida por essas redes é mais confiável que qualquer jornal televisivo, impresso ou mesmo virtual. Quem já não ouviu de um conhecido: “Ah, não assisto mais nada na TV, não perco meu tempo”. Como jornalista, embora eu não atue na área, sinto-me tremendamente ofendida quando ouço algo parecido. Afinal, sei o quanto trabalham os profissionais desses veículos para tentar buscar e levar a informação a todos.

É claro que ninguém é perfeito, nem os veículos são, embora a maioria busque a melhoria contínua. Há sempre uma subjetividade impregnada muito difícil de anular, quando não há ações tendenciosas a serviço de interesses obscuros. Não vem ao caso me aprofundar nas diversas teorias de comunicação que já se aprofundaram nesse tema. Basta dizer aqui que, se corremos o risco de nos equivocar a respeito de um assunto, tomando como base o noticiário oficial, como confiar cegamente numa postagem de aplicativo, quase sem qualquer controle, onde cada um publica o que quer?

Por isso, pode ser óbvio, mas o que eu faço e aconselho é que ouçam, leiam, assistam tudo o que puderem. Leiam tanto o jornal preferido, quanto aquele com que não se identificam tanto, sintonizem as suas rádios preferidas e também aquelas que não lhes agradam muito, destinem parte do seu tempo a assistir à emissora da qual são fãs, mas deem uma espiada também naquela outra... Façam isso, alternadamente, durante o tempo que lhes convier (jamais o tempo todo!) e ponham o seu raciocínio, o seu conhecimento, o seu sexto sentido, tudo isso junto pra funcionar. Depois, tirem vocês mesmos as suas conclusões. Construam as suas opiniões, sem que ninguém as traga prontas pra vocês.

Mas essa crônica está ficando longa demais e não abordei ainda o que pretendia. O que me motivou a essa reflexão foi me deparar com um monte de ofensas e acusações que encontro vez ou outra, em grupos de condomínio. Por que será que as pessoas acham que estão exercendo a sua cidadania, fazendo a sua parte como condômino, falando  mal do síndico ou da forma como o condomínio vem sendo administrado, ou da forma que acham que ele vem sendo administrado, apenas com o que querem enxergar, ou no que querem acreditar, sem ao menos conhecer com profundidade o seu trabalho, suas atribuições e ações, sem frequentar reuniões e assembleias (sim, pasmem, frequentar assiduamente e de forma participativa), sem nunca, nunca mesmo, ter lido o regulamento, a convenção, sem ter procurado analisar com cuidado um livro de prestação de contas, ou depois disso questionado, com educação e respeito, alguma ação com a qual não concordem. Dá trabalho isso, né? É mais fácil postar achismos, fofocas, coisas que ouviram falar, conclusões precipitadas e por aí vai. Causa mais impacto, dá mais ibope, tem consequências mais rápidas...

Consequências. O ponto ao qual eu queria chegar. Sim, pense nelas. E pense na sua responsabilidade em relação a elas. Só isso.

 

 


domingo, 1 de janeiro de 2023

Duas posses

 

Hoje busquei algumas fotos antigas, de primeiro de janeiro de 2003, quando participei de uma das experiências mais emocionantes da minha vida – da primeira posse do presidente Lula.

Embora eu não fosse filiada a nenhum partido político, a ascensão ao poder por um homem de origem humilde, com uma trajetória de luta por causas sindicais, estigmatizado pelo preconceito e chamado de analfabeto por pessoas que desacreditavam de sua capacidade, fizeram com que me decidisse a aceitar o convite de uma amiga e acompanhá-la naquela aventura em Brasília. Foi, sem dúvida, um grande momento para o Brasil, ofuscado depois por fatos que se sucederam.

As imagens de hoje, primeiro de janeiro de 2023, capturo pela televisão, de onde ouço os discursos emocionados de um presidente iluminado, que recebe uma nova chance de, conforme suas próprias palavras, “fazer melhor do que antes”. A promessa é de recuperação da economia e combate à fome e à desigualdade.

Por todo o retrocesso e barbaridades que presenciamos nos últimos quatro anos, pelos riscos que nossa democracia correu ao ter grande parcela da população tomada de uma cegueira absurda e louca, dando voz a representantes de discursos e atos repugnantes e inaceitáveis, confesso-me também emocionada e com minhas esperanças renovadas de que o momento para o Brasil é único e promissor.

Quero acreditar que Lula e PT conhecem sua verdadeira parcela de responsabilidade pelo desgoverno a que fomos submetidos e que estão agora realmente dispostos a governar de maneira coerente com seu discurso e com suas bandeiras, para que nunca mais passemos por tão penoso e perigoso momento, a “era de sombras” a que acaba de se referir o presidente em seu segundo discurso na cerimônia de posse.

Sabemos que nada será fácil, mas que também “nunca antes na história deste país” tivemos as condições mais favoráveis para “virar essa página” e chegar ao nosso Brasil dos sonhos. Que assim seja!