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Balada: a arte da narrativa em poemas e canções

       O nome Balada vem de uma tradição francesa, na era medieval, e o significado do termo tem  mesmo relação com o ato de bailar. Mais tarde se torna muito popular na Inglaterra e na Irlanda também. É uma cultura oral em que o poeta está em ato se  apresentando para uma plateia.  Por isso  estão  presentes  os elementos  teatrais. Ele faz todas  as inflexões de voz,  molda seu gestual,  tudo para a  história  que está contando. Muitas  vezes é acompanhado de um alaúde ou outro instrumento musical. Uma poesia muito próxima do espírito da  canção. Portanto, a balada está  muito ligada às próprias  origens do teatro. Uma origem muito performática, muito musical. E a balada tinha essa característica muito própria  –  era uma contadora de histórias, uma narrativa em versos.      Justamente por ser uma cultura baseada na oralidade, poucos nomes de compositores de b...
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A Criação Literária: entre a forma e a fôrma

  Tratados sobre a forma da escrita literária são muito antigos. Desde a Grécia antiga existe essa preocupação por parte dos filósofos. Um dos primeiros que precisa ser lido é a Arte Retórica e Arte Poética, de Aristóteles, em que ele já faz uma distinção entre prosa e poesia. Na retórica, ele já nos traz a estrutura básica de um texto, dividindo-o em três partes: início, meio e fim. Quando fala de poesia, ele a aproxima muito do universo musical e fala sobre a necessidade de métrica, para diferenciar os gêneros. Ou, às vezes, diferenciar os tempos.  Uma epopeia será algo diferente de uma balada, ou de uma canção de gesta, de um soneto, seja ele petrarquiano, shakespeareano etc. A redondilha maior e o cordel estão intimamente ligados. Para que se componha um soneto é preciso criar quatorze versos. Se fizer só três, não será um soneto. Se fizer 32, também não. Na música, o blues é definido por doze compassos. O frevo tem um ritmo próprio que o caracteriza. Para se fazer bossa n...

A representação artística do amor no século XXI

  O amor, em toda a sua amplitude, sempre foi um tema bastante retratado na arte, em todos os tempos. É eterno. Enquanto existir o gênero humano, haverá o amor e ele sempre será expressado na arte, por mais que a arte, muitas vezes, o trate como algo dentro ou fora de moda. Muitas vezes a palavra romântico vem carregada de certo preconceito, imaginando-se algo bobo, “água com açúcar”. Fazendo uma busca rápida, podemos citar como representação do amor de todos os tempos “Romeu e Julieta”, de Willian Shakespeare, peça do século XVI que já foi amplamente representada nas épocas seguintes em diversas versões e linguagens, em teatro, cinema, de várias formas. Titanic levou multidões à telona para acompanhar a história baseada em um trágico acidente real, mas com a incorporação de um par romântico, que atingiu em cheio o coração dos amantes, originalmente em 1953, e ainda mais com a versão de 1997. Foram muitos mais. Como outros exemplos, os filmes “Love Story”, “Em algum lugar do passad...

Fronteiras e Câmbios entre a Poesia e a Prosa

     Quando perguntado sobre a diferença entre prosa e poesia em uma entrevista, Umberto Eco disse que o poeta reage à palavra, enquanto que quem escreve prosa relata coisas que acontecem no mundo. Para ilustrar sua tese, ele contou uma história sobre o poeta italiano Montale, que fazia poemas sobre flores, apesar de não as conhecer, apenas gostando da sonoridade que seus nomes tinham. “Meus poemas são sobre palavras, não sobre coisas”, teria dito.      Provavelmente a afirmação dos dois tenha relação com a forma ritmada com que se usa as palavras nos poemas. Elas são escolhidas e dispostas para se ter certa cadência.      Ainda que se escreva livros inteiros somente para dizer o que é poesia e o que é prosa, certamente ainda ficaria algo por falar. No mínimo, podemos dizer que poesia e prosa se diferenciam pelo ritmo. A poesia assemelha-se mais à música, ela tem que ter essa cadência, tem que ter combinações sonoras entre as palavras. A ...

Arte por encomenda: do mecenato aos comerciais

Foto de Angelo Macedo A palavra mecenato vem do Império Romano, de antes de Cristo, e teve origem em Caio Mecenas, que como conselheiro do imperador Otávio Augusto começou a influenciá-lo a investir nos artistas, de alguma forma patrocinando algumas obras. No Renascimento, do século XV para XVI, o modelo de arte começou a ser uma retomada do classicismo da antiga Grécia, da antiga Roma, e começou-se a usar o conceito de mecenas. Só que não mais apenas em relação à família real, podendo ser executado por nobres, alta burguesia ou pela igreja. Essa última, a Igreja, foi mecenas de muitos artistas. O pintor Hieronymus Bosch é um exemplo. Autor do quadro “O Jardim das delícias terrenas” (disseram que era inicialmente patrocinado pela igreja, apesar de seu conteúdo um tanto inadequado para os padrões morais dessa entidade) antecipou em séculos o surrealismo. Se compararmos suas pinturas às de Salvador Dali, podemos concluir que o segundo pode ter se influenciado pela obra do primeiro. Um ...

Reflexões sobre como a figura do escritor é retratada nas telas

  Sonhador, romântico, boêmio, marginal, irresponsável são muitos os rótulos que vêm sendo atribuídos aos escritores em suas diversas versões televisivas ou cinematográficas. Para tentar captar essas imagens e detectar suas distorções em relação à realidade, colocamos em pauta o tema “Reflexões sobre como a figura do escritor é retratada nas telas". Em sua introdução, o escritor César Magalhães Borges usou como recurso buscar exemplos dessa representação de forma cronológica, partindo da novela “O feijão e o sonho”, produzida e exibida pela TV Globo em 1976. Baseada no romance de mesmo título, de Orígenes Lessa, a história contrapõe os dois personagens principais como obstinados, ora pelo “feijão de cada dia”, papel da esposa, Maria Rosa, ora pelo “sonho”, perseguido pelo marido, Campos Lara, poeta, escritor, que permanece alheio às dificuldades de sustento e sobrevivência da família. Outra pérola relembrada por ele foi a série “Os Waltons”, exibida, no Brasil, de 1975 a 1981....

Somos sacrários vivos!

       “Somos sacrários vivos!”, disse o padre, durante a homilia de hoje. Corpus Christi é uma data que sempre me comove profundamente. Se alguém quiser experimentar sentir a ação do Espírito Santo, vá a uma celebração como essa. Ainda dá tempo.      Eu costumo me concentrar em qualquer missa e principalmente na celebração da eucaristia, mas, apenas algumas vezes, muito especiais, tive a real sensação de ser tomada pelo Espírito Santo de Deus.  Certamente, a primeira de minha longa jornada católica foi em companhia de minha querida mãe Yolanda, ainda na Catedral de Campinas, igreja a qual ela me levava desde pequena.      Senti também o coração transbordar de emoção em uma rápida missa, olhem só, depois do trabalho e antes de ir para a aula da faculdade, em uma capela lá na Puc Campinas. Ia quase todos os dias, mesmo que chegasse alguns minutos atrasada à sala de aula.      Com o passar do tempo, a gente começa...