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Mostrando postagens de maio, 2023

Verossimilhança: a Invenção de Realidades

       Como declara Fernando Pessoa em seu poema Autopsicografia, o poeta é um fingidor. Na verdade, não apenas o poeta, bem como todo artista que cria uma obra fictícia, seja ela escrita, encenada, declamada, pintada, esculpida etc. Mas exatamente por ser fingimento, ela precisa parecer verdadeira. Precisa ser coerente dentro do sistema proposto pelo autor.    Uma obra é a invenção de um mundo de quatro paredes. Se uma dessas paredes é “quebrada”, ou seja, se algo no cenário, no diálogo, na letra ..., não é verossímil perante o que foi criado, se um acontecimento não parece possível de acordo com a sequência estabelecida, isso pode interferir, negativamente, na integridade da obra.    Como se sente um telespectador atento que assiste a um filme cuja história se passa no século XVIII e se depara com um tênis All Star (item de vestuário que só foi inventado em 1971) no armário da rainha? Se antes acreditava no que via, sente-se imediatamente de...