Quando você se apropria de uma obra, seja ela uma história escrita, um poema, uma música, uma pintura etc e a partir dela cria uma nova versão ou algo novo, partindo do que já existia, desde que esteja claro quem é o autor original, não há mal algum, faz até parte do processo criativo. Afinal, a arte surge a partir da observação da natureza, do que já existe nela e também do que outros já fizeram. É impensável, por exemplo, que alguém se torne um bom escritor, sem que seja um ávido leitor de variados gêneros literários.
É importante que haja uma assimilação de culturas, o que torna possível que se dance balé no Brasil ou em qualquer parte do mundo e não apenas na França ou na Rússia, berço do Bolshoi. Da mesma forma temos de entender quando um estrangeiro faz samba ou bossa nova, gêneros tipicamente brasileiros.
Na literatura é comum haver apropriação de estilos, o que faz com que, quando lemos um determinado autor, possamos identificar quais são suas referências, por quem mais ele foi influenciado ao desenvolver seu trabalho. Isso significa que o legado de um escritor ou de um artista não morrerá com ele, mas será disseminado e eternizado.
Entendem-se, portanto, todas essas “apropriações” muito mais como reconhecimento, como homenagem, meio de perpetuação, do que como algo negativo.
Nada disso tem a ver com plágio. Plágio é cópia, o ato de se intitular autor sem de fato sê-lo. Plágio é crime e quando comprovado está sujeito a sanções perante a lei. Vários são os casos em que se discutem autorias e que vão parar na justiça.
Na música é bastante comum o uso não autorizado de letras ou melodias tanto no Brasil quanto no mundo. Taj Mahal, de Jorge Ben Jor, por exemplo, foi copiada por Rod Stewart. Não seria possível listar aqui todos os casos já registrados desse crime, tamanha quantidade deles envolvendo músicos famosos no Brasil e no mundo todo. Na literatura e no cinema também existem flagrantes cópias, levadas ou não à justiça. Quem não se lembra do filme “As Aventuras de PI”, indicado para o Oscar, inspirado no livro do canadense Yann Martel, cujas semelhanças com “Max e os Felinos”, de Moacyr Scliar, são inegáveis e acabaram sendo admitidas pelo premiado autor estrangeiro, que alegou ter se baseado na história original do brasileiro?
Esperamos que boas obras continuem sendo sempre fonte de inspiração no mundo das artes e que direitos autorais sejam sempre respeitados.
Dicas de filmes: "As palavras" e "As Aventuras de PI".
Texto elaborado a partir das discussões surgidas durante o XVI Encontro de Escritores e Leitores, dia 13/05/2022, pelo Google Meet.
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