O gênero comédia, embora explorado por grandes nomes da literatura, do cinema, do teatro entre outras artes, raramente rendeu algum prêmio de destaque, tanto por autoria, atuação ou por um misto de atividades envolvidas com a sua criação. E isso só aconteceu quando a produção mesclou um pouco de drama à história, nos levando a crer que a pura comédia não esteja sendo considerada digna do topo, que esteja sendo entendida como inferior ao drama, à tragédia, ainda que, comprovadamente, de qualidade e sucesso. Exemplos não faltam. Entendida prioritariamente como um instrumento de lazer — as gargalhadas nos relaxam e nos afastam dos problemas do dia a dia — a comédia, quando bem elaborada e interpretada, pode nos levar a refletir sobre os problemas da sociedade, mas de forma leve e descontraída, tornando-se um importante canal de comunicação. Não é à toa que as crônicas de Fernando Sabino, de Lu í s Fernando Veríssimo e muitos outros tenham ido parar nas escolas, como fonte de estudo ...
Em relação à literatura, existem pessoas que pensam que escrever exige certo rebuscamento, certa formalidade de linguagem, como se o escrever literário tivesse, necessariamente, somente essa característica formal. Isso talvez tenha prevalecido até o século XIX. Mas no século XX, a literatura começou a incorporar mais a linguagem da rua, embora esse não tenha sido um processo tranquilo. Buscando exemplos dessa mudança, podemos citar Allen Ginsberg, poeta americano, entre tantos da geração beat, que publicou, em 1956, “Uivo e outros poemas”, livro em que ele, homossexual declarado, muitas vezes descreve atos sexuais entre homens, usando palavras de baixo calão. Essa publicação levou, não o autor, mas o editor para o banco dos réus. O livro foi censurado e Lawrence Ferlinghetti, da editora City Lights, foi processado por uso de linguagem crua e termos obscenos. Embora fosse uma época de direita, do macartismo dominante, a constituição am...