Isso começa a mudar, na própria década de 1960, ainda
citando como exemplo os Beatles, com Lady Madonna. É a mulher amamentando um,
com mais dois outros filhos para cuidar. Uma mulher forte, que luta, que sustenta
a sua família. O mesmo tema aparece em “Maria, Maria”, de Milton Nascimento e Fernando
Brant.
No final do século XX, começam a aparecer com mais
frequência nas artes a expressão do poliamor. Criações no estilo “Dona Flor e
seus dois maridos”, “Eu, tu, eles”, “O Quatrilho”. Nas Novelas, esse poliamor aparece
através de personagens de outras culturas, principalmente islâmicas, como em “O
Clone”.
Atualmente se busca expressar mais representatividade nas
artes. Em 2010, Julie Maroh lança um romance gráfico intitulado “Azul é a cor
mais quente”, que rapidamente se transforma em filme (2013). É uma história de
amor que retrata todos os sofrimentos que os amantes têm, o ciúme, a desconfiança,
a insegurança, uma parte tentando se valorizar perante a família da outra,
perante os amigos da outra. Agruras de qualquer casal, apenas com a
particularidade de se tratar de pessoas do mesmo sexo. Anteriormente, em 2006, “O
Segredo de Brokeback Mountain” já retratava o amor proibido e secreto entre
dois cowboys. Em “A garota dinamarquesa”, de 2016, assistimos a uma gradual
mudança de um pintor, transformando-se em mulher.
Mas não devemos nos esquecer de que a literatura mais antiga
também trazia em alguns momentos esses enfoques. Na literatura Grega já havia o
poliamor, em “As Bacantes”, a exploração de personagens em loucura e êxtase
sexual, embora em uma experiência religiosa. Madame Bovary narra a história de
uma mulher inteligente, bela e insaciável. Em “Grande Sertão: Veredas” aparece
a atração, ainda que equivocada, entre dois homens.
Em relação a mudança dos tempos, podemos dizer que no século
XX o feminismo emancipa a mulher e muda a característica dos relacionamentos
amorosos. Na literatura, Clarice Lispector aparece até hoje como exemplo de alma
feminina em seus escritos.
E voltando mesmo às características atuais, essa busca pela
representatividade nas artes acontece porque nós queremos nos ver nas obras.
Encontrar nelas o que sentimos, mas não conseguimos expressar. Quantas vezes
não assistimos a um filme mais de uma vez por nos sentirmos representados por
alguns de seus personagens? Quantas vezes uma pessoa dedica uma canção para
outra, porque a letra está dizendo algo que ela não consegue falar?
Aliás, falando em música, o gênero “sofrência” se proliferou
e ganhou fãs cativos, abordando infidelidade conjugal, principalmente. As
canções trazem a voz da mulher traída querendo “dar o troco” no homem, ou do
homem se contorcendo com as dores de “corno” ou mesmo de arrependimento por uma
traição.
Por tudo isso, quem fala hoje de amor, respeitando as formas
de representatividade, acaba atingindo mais pessoas. O foco pode estar na
aceitação do próprio “eu”, em um investimento no autoamor ou na diversidade do
amor, nas outras culturas, em outras formas de amar e de sofrer por amor.
Dicas de obras:
O amor nos tempos do cólera – (livro) 1985 autor: Gabriel García Márquez – (filme) 2007
Titanic - (filme)
- 1953 – 1997
Love Story - (filme) - 1970
Romeu e Julieta – (peça) Século XVI autor: Shakespeare – (filme) 1996
Ghost – (filme) 1990
Uma linda mulher – (filme) 1990
Em algum lugar do passado – (livro) 1975 autor: Richard Matheson - (filme) 1980
A culpa é das estrelas – (livro) 2012 autor: John Green - (filme) 2014
O Segredo de Brokeback Mountain – (filme) 2006
Dona Flor e seus dois maridos – (livro) 1966 - autor: Jorge Amado - (filme) 1976
e 2017
Eu, tu, eles - (filme) 2000
O Quatrilho – (livro) 1985 autor: José Clemente Pozenato - (filme) 1995
O Clone – (novela) 2001-2002
As Bacantes – (peça) 405 a.C. autor: Eurípides
Madame Bovary – (livro) 1856 autor: Gustave Flaubert – (filme) 1934- 1949-1991-2015
Grande Sertão: Veredas – (livro) 1956) autor: Guimarães Rosa – (filme) 1965 – (minissérie)
1985 – (filme) 2024
Azul é a cor mais quente – 2010 (livro) autora Jul Maroh – (filme) 2013
A garota dinamarquesa – livro (2000) autor: David Ebershoff - (filme) 2016
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#música
Obs.: Este texto foi elaborado com base nas discussões sobre
o tema que ocorreram durante o XXVIII ENCONTRO DE ESCRITORES E LEITORES – “A
representação artística do amor no século XXI" – Em 31/01/2025 – às 19 horas
Foi uma noite bem gostosa
ResponderExcluirFoi mesmo!
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