terça-feira, 6 de julho de 2021

Parasita

    Assisti ao filme “Parasita” ontem, pela Tela Quente da Rede Globo. Mesmo tendo sido o filme de língua estrangeira premiado pelo Oscar no ano passado e, além disso, ter sido vitorioso em mais de 300 premiações do gênero, ainda não tinha tido a oportunidade de conferi-lo.

    Embora com um pouco de atraso, afinal nem tão grave por eu não ser uma especialista da área, senti necessidade de escrever algo sobre ele. Pelo que li em uma breve pesquisa pela internet, muitos foram os que se manifestaram a respeito. Acho que o filme é isso, uma história muito criativa e cheia de mensagens, ao ponto de fazer com que o expectador tenha necessidade de refletir e falar sobre ele.

    É claro que nem todos gostaram, nem todos falaram bem. Li muitas críticas favoráveis, enaltecendo o diretor, atores, o filme todo em si, bem como li ataques ferozes ao mesmo diretor, aos mesmos atores, à história e até aos jurados do Oscar. Foram muitos que odiaram o filme, que viram nele um péssimo exemplo para a sociedade.

    Entretanto, eu acho que as pessoas precisam entender que um filme conta uma história, que não necessariamente tem que servir de exemplo para quem assiste, algo a ser copiado, práticas da vida real a serem perdoadas ou justificadas. Ele pode também, a partir de uma situação extrema, exagerada, nos fazer pensar nos detalhes da vida real, nos sentimentos ocultos, nas frustrações desveladas, nos preconceitos, na sujeira que vai para debaixo do tapete.

    O que mais me remeteu à nossa realidade foi a relativização do certo e do errado. Afinal, quantas pessoas conhecidas ou não, públicas ou não, maqueiam seus currículos, usam o sinal de internet do vizinho, fazem gatos e por aí vai...? Quantas sonegam impostos, empresas ou pessoas físicas, porque dizem ser impraticável arcar com todos eles, sem ter a contrapartida esperada.  Quantos empregados da vida real são submetidos aos desejos de seus patrões e são obrigados a abrir mão de seus dias de folga para trabalhar, recebendo horas extras é claro, ou não? Quantos pessoas são distinguidas pelo “cheiro de quem pega transporte público”? Onde estariam os parasitas do filme?

    Para quem ainda não assistiu, apenas para dar mais uma dica de quanto o filme surpreende, peço atenção para a importância da arquitetura da casa. Ela quase que se torna uma personagem da história, tamanho o seu simbolismo.

    Por fim, destaco mesmo o desfecho, a decisão final tomada por um dos personagens. Quais seriam as chances de o último plano traçado chegar ao seu final com sucesso? Mas se elas são pequenas, o que se justificaria não seria a trajetória tomada e não propriamente o seu resultado?

    Eu não tenho o objetivo de trazer respostas a esses questionamentos. Faço essas observações para que apenas cada um de nós reflita, sempre, no seu dia a dia, a cada ação planejada, a cada decisão tomada, a cada passo dado em nossa caminhada nesta vida, se eles são, realmente, coerentes com nossos valores e com o que esperamos das outras pessoas.

#filme #crítica #parasita #críticasocial

4 comentários:

  1. Talita Martins Salvador6 de julho de 2021 às 13:14

    Assisti também e achei bem interessante o tanto de simbolismo que o filme traz. Quem vê só a história em si, pode achar um filme simples e até um pouco sem graça, mas a crítica social e a reflexão que ele traz são muito boas!!!

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  2. "Parasita" foi um dos grandes filmes a que assisti no ano passado (pouco antes da pandemia bagunçar a nossa vida). Para mim, trata-se de um filme geométrico, dividido em dois níveis, em classes sociais, em andares de casas, em subterrâneos. É a arquitetura da desigualdade defasada pelo capitalismo. Suas imagens funcionam bem em qualquer idioma. Mas em português parece que o filme fala por si só, sem sotaque estrangeiro. Parabéns pela resenha!

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