Pular para o conteúdo principal

Uma história por trás do nome

Na minha turma de ioga conheci uma jovem que mora no mesmo prédio que eu. Ela é engraçada. No dia em que nos conhecemos, estava rindo de si mesma por ter levado um tombo pelo caminho.

Sempre achei estranho que o professor chamava seu nome, “Ananda”, depois do meu, “Fátima”. Eu pensava: “se as demais estão em ordem alfabética, por que o professor não coloca a “Ananda” no início da chamada? Mas logo depois, me envolvia com os exercícios e esquecia desse detalhe, para no dia seguinte, lembrá-lo novamente.

Demorou um pouco, mas um dia cheguei à conclusão de que seu nome podia não começar com a letra “A”. Ao final da aula, aproveitando que saímos juntas, perguntei.

“Meu nome é Hananda, com H”, respondeu. “Uma homenagem que minha mãe fez à repórter da Globo, Ananda Apple. Coisa que me irrita profundamente pois toda a vez que a vejo no jornal está fazendo reportagem sobre o preço do tomate na feira. Por que eu tinha de ter o nome dela?”.

Rindo, eu expliquei: “Não. Ela não cobre só isso. Faz toda a cobertura de reportagens sobre flores e jardins. Tem uma coluna chamada “Quadro verde”, com dicas de paisagismo e ecologia. É uma profissional muito competente”, completei, tentando desfazer o seu mal estar.

“É mesmo? Essas reportagens nunca assisti”. E foi logo explicando também o motivo do “H”. “O pior é que uma tia acabou convencendo a minha mãe a acrescentar o H. Para dar sorte... Não sei, não, se funcionou... “, concluiu, pensativa.

“Além disso, pra completar, muita gente me chama de ‘Rananda’, pode? Não sei por quê. Alguém fala ‘Roje’ ou ‘Ristória’?”, finalizou, me fazendo rir novamente.

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

O século XX nas páginas do século XXI

            A polarização da literatura no século em que vivemos, a sua diluição entre tantos canais que a evolução tecnológica nos propicia, além do fato de ela estar sendo produzida por um número muito maior de pessoas em todo o mundo, pode ser o motivo pelo qual não tenha se formado ainda uma corrente literária atual, nova, genuína do século XXI.        Se no século XX tivemos movimentos como o Cubismo, o Futurismo, O Expressionismo, o Manifesto Dadaísta, o Surrealismo, o Modernismo, entre outros. Que rótulo teríamos hoje para o que está sendo produzido?             Na verdade, o que vivemos talvez seja uma assimilação de tudo o que surgiu no século passado, muito mais do que uma nova criação, uma degustação com uma releitura do que existia, com nosso olhar, a partir de diferentes vozes e de minorias ou de grupos maiores que, porém, nunca tiv...

O bom samaritano

“Um homem ia descendo de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos de assaltantes, que lhe arrancaram tudo e o espancaram. Depois foram embora e o deixaram quase morto. Por acaso um sacerdote estava descendo por aquele caminho; quando viu o homem, passou adiante, pelo outro lado. O mesmo aconteceu com um levita: chegou ao lugar, viu e passou adiante pelo outro lado. Mas um samaritano que estava viajando, chegou perto dele, viu e teve compaixão. Aproximou-se dele e fez curativos, derramando óleo e vinho nas feridas. Depois colocou o homem em seu próprio animal, e o levou a uma pensão, onde cuidou dele” . Lucas 10,30-34. Um gay ia caminhando pela avenida Paulista, quando foi abordado e espancado por uma gang de SkinHeads. Depois que ele estava desacordado de tanto apanhar, foram embora e o deixaram ali, quase morrendo. Um pastor que passava pela mesma calçada, viu e o ignorou, seguindo adiante, a caminho do culto. Um político também passou e desviou do caminho. Afinal, nem era época de el...

Fronteiras e Câmbios entre a Poesia e a Prosa

     Quando perguntado sobre a diferença entre prosa e poesia em uma entrevista, Umberto Eco disse que o poeta reage à palavra, enquanto que quem escreve prosa relata coisas que acontecem no mundo. Para ilustrar sua tese, ele contou uma história sobre o poeta italiano Montale, que fazia poemas sobre flores, apesar de não as conhecer, apenas gostando da sonoridade que seus nomes tinham. “Meus poemas são sobre palavras, não sobre coisas”, teria dito.      Provavelmente a afirmação dos dois tenha relação com a forma ritmada com que se usa as palavras nos poemas. Elas são escolhidas e dispostas para se ter certa cadência.      Ainda que se escreva livros inteiros somente para dizer o que é poesia e o que é prosa, certamente ainda ficaria algo por falar. No mínimo, podemos dizer que poesia e prosa se diferenciam pelo ritmo. A poesia assemelha-se mais à música, ela tem que ter essa cadência, tem que ter combinações sonoras entre as palavras. A ...