O Cordel foi assunto em uma roda de conversa ontem, 06/08/2019, na Biblioteca
Mário de Andrade. Estive lá e presenciei tudo durante a abertura da
exposição “Cordel – A História dos Folhetos Nordestinos no Acervo da Mário”.
Mediada por Rita Palmeira, a roda teve a participação do curador Rizio Bruno
Sant’Ana e do poeta e compositor Moreira de Acopiara. Estava prevista também a
participação da cordelista Jarid Arraes, que infelizmente não pôde comparecer.




A conversa com o cordelista Moreira de Acopiara foi pra lá de
interessante. Nascido Manoel Moreira Junior acabou, por influência de amigos,
adotando o nome da cidade onde viveu até os 20 anos como sobrenome artístico.
Aos 13 anos escreveu seu primeiro cordel. Ao mostrá-lo a Patativa do Assaré
ouviu dele que seus versos eram ruins, fora da métrica, mas, que estavam acima
da média para um garoto.
O poeta credita seu amor pelo cordel ao fato da mãe professora e o pai
agricultor terem acostumado seus ouvidos ao ritmo do cordel. “Na fazenda não
havia televisão, rádio e o jornal só chegava uma vez por semana”, ele conta. Lá
se fazia uma espécie de sarau e os cordéis eram decorados até por quem não
sabia ler.
Para citar exemplos de cordéis famosos lembra que quando Getúlio Vargas
morreu seu cordel foi um fenômeno de vendas, e que quando o homem pousou na Lua
havia muitos boatos de descrença, mas, que a partir do momento que as pessoas
liam a história em cordel, passavam a acreditar.
Defende o objeto de sua arte com garra e carinho. Explica que por ter
uma linguagem simples, facilita a memorização e pode auxiliar na educação.
É com carinho também que fala de suas oficinas de cordel em um centro de
detenção em Diadema.
Perguntado sobre sua impressão a respeito da internet ele afirma que “só
veio para ajudar, até na pesquisa e divulgação”. Conta que teve a oportunidade
de introduzir o cordel na rede a partir de uma peleja ainda pelo Orkut
competindo em versos com Glauco Mattoso.
Expresso aqui o meu agradecimento ao poeta Moreira de Acopiara que
gentilmente me presenteou com dois de seus cordéis, creio que mais recentes. “Norte
e Nordeste Independentes” é em minha opinião um hino maravilhoso à igualdade e “Diferenças”
traduz a diversidade e faz uma crítica à sociedade – só pra rimar.
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