Hoje, no primeiro dia oficial do
Clube do Livro organizado pelo Sesc Guarulhos, o tema foi “A literatura como
caminho para o encontro com vozes de mulheres negras”.
Os exemplos de vozes negras
escolhidas vieram dos livros “O ódio que você semeia”, da escritora
norte-americana Angie Thomas e Querem nos Calar, uma antologia compilada por
Mel Duarte.
O ódio que você semeia é uma
história juvenil que trata de um tema que não tem idade: o racismo dos tempos
de hoje. A jovem Starr desde cedo foi
treinada pelos pais sobre como uma pessoa negra deve se comportar na frente de
um policial: não fazer movimentos bruscos, deixar sempre as mãos à mostra, só
falar quando lhe perguntarem algo. Quando ela e seu amigo Khalil são parados
por uma viatura, tudo o que Starr espera é que Khalil também conheça essas
regras. Um movimento errado, uma suposição e tiros disparados. De repente o
amigo de infância da garota está no chão, coberto de sangue e sem vida. Indignada com a injustiça tão explícita que presenciou e vivendo em duas
realidades tão distintas (durante o dia, estuda numa escola cara, com colegas
brancos e muito ricos - no fim da aula, volta para seu bairro, periférico e
negro, um gueto dominado por gangues e oprimido pela polícia), Starr precisa
descobrir a sua voz. Precisa decidir o que fazer com o triste poder que recebeu
ao ser a única testemunha de um crime que pode ter um desfecho tão injusto como
seu início. Acima de tudo ela precisa fazer a coisa certa.
A antologia “Querem nos calar:
poemas para serem lidos em voz alta” reúne poesias de 15 mulheres do slam de
todas as regiões do Brasil. Os slams são batalhas de poesia falada com temática
livre que comumente abordam temas como racismo, machismo e desigualdade social.
O machismo e o preconceito racial
sempre impediram que a mulher negra ocupasse lugares de destaque em diversas
áreas da sociedade. Na literatura não é diferente. A predominância de
escritores homens e brancos comprova essa realidade. Usar a voz como arma e
como escudo é o objetivo dessas mulheres. Que possamos lê-las e nos inspirar a
partir do que dizem essas suas vozes.
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