Mesmo já tendo completado uma
semana em quarentena, esta é a primeira vez que resolvo escrever sobre tudo
isso que estamos passando. Ainda não tinha tido tempo. Sim, é verdade, embora
em isolamento, ainda não tinha conseguido parar para refletir ou para escrever –
o primeiro ato é sempre necessário para que o segundo aconteça. É fato que nem
sempre as pessoas seguem essa sequência. Há quem escreva regularmente, sem
nunca refletir.
Apesar de me considerar uma
pessoa conectada, sábado passado assisti à minha primeira missa on line. Embora não seja exatamente uma novidade, para mim, sempre foi necessário estar
presente na igreja, presenciar ao vivo os ritos religiosos. Cheguei até a
criticar intimamente as pessoas que optavam por acompanhar as cerimônias pela televisão.
Achava difícil entrar em estado de oração em frente a uma tela. Atualmente,
diante da impossibilidade, essa rejeição acabou por completo e pude
experimentar uma comunhão espiritual fortalecedora. Recomendo.
Sempre gostei de missas. Acho que
herdei esse gosto de minha mãe. Ela me contava que desde muito jovem era
a primeira a se levantar em sua casa e ir para a igreja para não perder a
primeira missa do dia. Quando eu era pequena, ela me levava para a cidade quando tinha de fazer compras, ir ao médico ou resolver qualquer problema.
Antes de voltar para casa era lei assistir a uma das missas na Catedral de
Campinas ou na Igreja do Carmo. Ambas são lindíssimas com suas pinturas e
imagens sacras. Quando não conseguíamos acertar o horário das cerimônias,
ficávamos rezando lá dentro por um bom tempo. Eu não tirava os olhos das
imagens dos santos espalhados pelos altares e capelas e analisava cada estátua,
cada desenho, em todos os seus detalhes. Eles me inspiravam a buscar a
santidade.
No sábado também tive de
acompanhar uma pessoa da família e seu filho, de menos de um ano, em consulta
em um dos prontos socorros públicos de Campinas. O menino tinha febre e acabou
sendo diagnosticado com uma pneumonia atípica (nada relacionado ao Covid-19,
felizmente). Por segurança, fiquei na
porta observando e vi mais profissionais de saúde do que pacientes. Ao menos ali
as pessoas estavam respeitando a determinação de só circular em casos de
extrema necessidade.
Aparentemente o mesmo respeito às
determinações sanitárias não aconteceu nos atacadistas. Passei por um grande
com o estacionamento lotado. Evitei fazer compras por todo o final de semana,
mas não foi possível evitar a ida à farmácia, à padaria e a um hortifruti,
compras que procurei fazer em tempo recorde.
Vi também alguns bares e adegas com
aglomerações de jovens, aqueles que ainda não acreditam na necessidade de
isolamento. Como a partir desta semana os estabelecimentos serão fechados por
decreto, quem sabe essas pessoas se vejam obrigadas a cair na real.
A vinda de
Campinas para Guarulhos foi tranquila. O movimento de carros estava realmente
bem abaixo do normal.
Optei por me isolar aqui, em meu
apartamento de segunda a quinta. Desta forma poderei produzir meus textos,
tocar um trabalho iniciado até onde for possível, acompanhar os trâmites para
publicação impressa de meu segundo livro e quem sabe colocar as leituras em
dia. A oração também está em minha lista, é claro.
Tenho fé que iremos passar por
essa provação e sair dela fortalecidos. Basta que mantenhamos a cabeça ocupada
e a preenchamos com bons pensamentos. Que nos mantenhamos informados, pelas
vias oficiais, de preferência. Que consumamos ou compartilhemos menos vídeos catastróficos
e mais mensagens positivas. Que nos preocupemos mais com os outros, que
pensemos em como podemos ajudar e façamos o que estiver ao nosso alcance para o
bem comum. Que as rivalidades desapareçam, ou que ao menos sejam atenuadas, que
haja entendimento e compreensão. Que haja união e respeito. E que Deus nos
ajude.
Uma boa semana!