terça-feira, 28 de agosto de 2018

Qual foto você escolhe?




E então? Qual imagem escolhe?
Acredite, as duas foram tiradas no mesmo local, um terreno que fica próximo ao apartamento do meu pai, em Campinas.

Durante muito tempo, sempre que eu chegava lá, ficava com meu coração apertado quando avistava do meu lado direito esse monte de lixo que aparece em uma das fotos. Um desses “pontos viciados” onde seres que não consigo nomear despejam todo o tipo de sujeira. Mas alguém poderia me perguntar: nesse bairro não tem coleta de lixo? Tem. Toda terça, quinta e sábado. Então por que fazem isso? É o que eu ficava sempre me perguntando.  A prefeitura passava pra limpar de vez em quando, mas, não durava muito.

Olhando para o lado oposto, eu avistava esse lindo jardim, cultivado por uma moradora, dona Leonor. Ela passava horas do dia mexendo na terra, plantando, embelezando cada dia mais o “seu” lado do terreno. Nesse momento eu pensava: Nosso mundo é assim, tem gente pra sujar, mas, felizmente, também tem gente pra cuidar, pra embelezar.

Recentemente fiquei muito triste ao descobrir que haviam destruído tudo, todas as plantas foram arrancadas e o terreno começou a ser cercado com arame pra construção de um prédio.

Pensei na dor que dona Leonor deveria estar sentindo. Assim que a vi, perguntei a ela se não estava triste. Ela me respondeu que só tinha ficado na hora que os homens estavam destruindo tudo. Deve estar conformada porque seu coração é bondoso, bonito como era seu jardim.

 

domingo, 12 de agosto de 2018

Serestando na Bienal







Fechando com chave de ouro esses dias de Bienal, a doçura da seresta da Cia. Lira dos Anjos. As pessoas selecionavam as canções de uma lista e se posicionavam na janela para se deliciar com a apresentação dos músicos: Carinhoso, Trem das Onze, Eu te amo e muitas outras. Não havia quem não acompanhasse a cantoria.

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Queijos brasileiros à mesa



Uma deliciosa degustação de queijos brasileiros e de suas particularidades foi o que pude experimentar hoje no espaço Cozinhando com as Palavras, na Bienal do Livro de São Paulo.
Um dos objetivos era a divulgação do livro “Queijos brasileiros à mesa com cachaça, vinho e cerveja”. Entretanto, o mestre-queijeiro Bruno Cabral foi muito além disso, trazendo luz para um produto brasileiro cujo mercado vem evoluindo a olhos vistos, mas, que ainda é uma certa novidade entre os leigos como eu.
Na plateia fomos convidados a provar cinco tipos de queijos brasileiros, começando com o Canastra, passando por um queijo de cabra premiado e outros de sabor mais forte.
O sommelier  Manoel Beato trouxe a importância da harmonização de queijos não apenas com vinhos, mas também com cerveja e cachaça.
Em resumo, foi uma saborosa experiência que com certeza me fará sair do lugar comum em termos de consumo de queijo. Pena que eu não fui uma das três pessoas que ganharam por sorteio um dos produtos apresentados no evento.


Áudios livros por Whatsapp, uma forma de ler para o mundo


Você gostaria de ler mais, mas, está sem tempo para isso? Que tal participar de um grupo de Whatsapp em que outra pessoa vai te passando áudios com aproximadamente 10 minutos de leitura de um livro de sua preferência, gravados sequencialmente? Essa foi a ideia de Rodinaldo Alves dos Santos, o Rodi, chamado carinhosamente de professor Pardal pela organizadora da mesa-redonda de hoje à tarde, no espaço Papo de Mercado, da Bienal do Livro de SP. Segundo ele, adquiriu o hábito de gravar suas leituras e começou a estimular outras pessoas a fazê-lo para poder disponibilizar os áudios. Desta forma, ele diz “acabo lendo por encomenda títulos que jamais escolheria e vou me surpreendendo com o conteúdo deles”.
Carli Cilene Cordeiro, segunda participante da mesa, achou muito interessante a ideia e disse que irá utilizá-la em seu projeto de leitura na empresa Porto Seguro, onde é responsável pela Biblioteca Coorporativa. Orgulhosa do projeto que se iniciou há 25 anos em uma pequena sala onde havia mais DVDs para serem retirados pelos funcionários do que livros e hoje tem uma sede própria com um grandioso acervo para variados tipos de leituras técnicas ou de lazer, ela destaca ainda o papel atuante da profissão de bibliotecário nos dias de hoje.
Quando foram abertas as perguntas da plateia, a ideia foi aprovada por praticamente todos os presentes, tendo alguns se prontificado a fazer parte dos grupos de geração dos áudios livros como leitores e ouvintes. Um deles, Jose Luiz Mamede se disse entusiasmado ao  lembrar imediatamente de seus quatro primos e um cunhado que vivem em Água Fria, no interior da Bahia, deficientes visuais. Conta ter adquirido o hábito de gravar leituras de livros para eles com um velho gravador e que agora passaria a usar o Whatsapp com certeza.

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Depressão e Suicídio foram temas de debate na Bienal


A experiência de a partir dos 10 anos de idade ver sua mãe tentar o suicídio inúmeras vezes levou Karina Fukumitsu a se formar em Psicologia e a se especializar em métodos de prevenção a esse mal.

Para o padre Lício de Araújo Vale foi a perda do pai por suicídio que o levou a, além do sacerdócio, acolher e orientar pessoas que estejam depressivas a ponto de quererem tirar a própria vida.

Marcelo Zorzanelli, o terceiro a compor a mesa de debates, revela-se ele mesmo uma pessoa depressiva há muitos anos, o que o levou a escrever sobre o tema inicialmente em uma coluna da Folha de S.Paulo, atividade que passou a ser uma de suas formas de terapia.

Foi através dos relatos desses três convidados que se abordou esses temas tão importantes e dolorosos, ao mesmo tempo que vinculados a  preconceito e discriminação pela maioria das pessoas.

O que levaria as pessoas, muitas vezes os adolescentes, a sofrer de depressão e chegar a pensar em desistir de viver?

Na opinião de Marcelo a questão é quando o indivíduo sente que não se encaixa no padrão estabelecido pela sociedade, da busca de sucesso e felicidade a qualquer custo. Sentindo-se fora desse padrão, vem a tristeza e a culpa.

Karina afirma costumar dizer que “se quiser entrar em uma forma, perde-se a forma”.

Quais seriam os sinais de que algo está errado?

Os três são unanimes em afirmar que uma mudança abrupta no comportamento, isolamento, falta de apetite, menção a casos de suicídio, mensagens indiretas como frases do tipo “não suporto mais”, “isso tudo vai acabar”, “eu gostaria de sumir”, tudo isso pode ser motivo de alerta.


Diante de uma situação como essa, segundo eles, os pais não podem ter medo de perguntar. Não achar, como pensam alguns erroneamente, que falar sobre o assunto pode estimular alguém. Além disso, os pais precisam dedicar tempo aos filhos. Ficar perto, participar da vida do filho, fazer com que olhe para sua própria dor e tenha compaixão de si mesmo. Se permita ficar triste acreditando que tudo é passageiro.

Eles ainda lembram que jamais se deve minimizar o sofrimento alheio. Deve-se saber ouvir e sempre estimular uma pessoa depressiva a procurar um profissional de saúde mental.

Citando Carlos Drumond, Karina lembra: “a dor é inevitável. O sofrimento é opcional”.


terça-feira, 7 de agosto de 2018

Batendo bola na Bienal

Um funil cada vez mais estreito foi a comparação feita para explicar o resultado da Copa da Rússia. Os times muito nivelados e com futebol disputado em parcela cada vez menor do campo seriam os fatores determinantes de sucesso ou fracasso dos times.
Foi em meio a lembranças engraçadas de quando se conheceram que Juca Kfouri e Paulo Vinicius Coelho, o PVC, responderam às perguntas da plateia presente ontem no Salão de Ideias da Bienal, fazendo suas análises sobre o nível atual do futebol brasileiro. 
A falta de investimentos concretos no esporte, a desunião entre os clubes e suas más administrações foram apontados como as principais razões para o desempenho brasileiro insatisfatório.
A respeito do jornalismo esportivo, os dois palestrantes lamentaram a crise que tem acabado com publicações especializadas, não apenas sobre esportes, citando o recente e lamentável anúncio do fechamento de 10 revistas da Editora Abril.
Lamentando o legado de dívidas da Copa do Mundo e das Olimpíadas no Brasil, lembraram que a corrupção, infelizmente, existe em todos os setores e não somente no campo esportivo.


De netos sobre avós

Uma deliciosa conversa entre netos de avós imigrantes aconteceu em um dos espaços da 25ª Bienal do Livro. Eles eram Caco Ciocler e Marcelo Maluf, autores respectivamente dos livros Zeide, A Travessia de um Judeu entre Nações e Gerações, da Editora Planeta e A Imensidão Íntima dos Carneiros, da Editora Reformatório.
De acordo com Caco, sua primeira experiência como autor nasceu de um convite da própria editora que queria novos autores que fossem netos de imigrantes. De seu avô ele apenas se lembrava de pequeno, circular a cadeira sorrateiramente e dar um leve tapa na careca do Zeide, como ele o chamava. Era um tipo de ritual que se repetia sempre que se viam.
Sabendo pequenos trechos de histórias, contadas rapidamente por seu pai e por seus tios, ele desenvolveu sua narrativa baseada nos fatos reais de sua família, porém, com lacunas preenchidas por sua imaginação, por instinto, como ele diz.
Embora não tenha conhecido seu avô, após a morte de seu pai, Marcelo se sentiu induzido por um sonho recorrente com o antepassado imigrante, a mergulhar na história de um segredo de família, uma tragédia guardada por Assaad Maluf, que vindo do Líbano em 1920, trouxe uma dor que acabou passando para as gerações futuras.
Quem quiser saber mais sobre essas duas aventuras literárias, o evento se repetirá na Bienal no próximo domingo. Eu recomendo.

Autora de primeira viagem estreia na 25ª Bienal


Para um livro que começou a ser escrito há 20 anos, supreendentemente depois que resolvi finalmente publicá-lo, o "Código 303, uma reportagem sobre o alcoolismo, a doença da negação", está tendo a sua estreia com grande pompa, pois, está na 25ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo.
Está sendo uma experiência incrível circular por aqueles corredores repletos de amantes da leitura ou iniciantes na arte de adquirir livros.
Falar sobre alcoolismo num evento onde a maioria vai pra passear, curtir as atividades culturais, não é tarefa fácil. Confesso que no início fiquei com um pouco de receio. Aos poucos fui encontrando uma forma de abordagem um pouco descontraída, mas, dando meu recado, falando sobre essa doença e chamando atenção para como ela está sendo tratada no livro.
Imaginem a minha felicidade quando consegui a minha primeira leitora! Ela é assistente social e trabalha com filhos de dependentes de álcool. Mereceu uma foto e um autógrafo especial.