Eu não sou nada fã de Halloween. A festa, que muitos acreditam ter sido importada dos EUA, mas que é originária da Irlanda, passou a ser mais comumente comemorada no Brasil há algumas décadas, no meu entender, por iniciativa das escolas de Inglês. A criançada logo se animou de olho nas guloseimas que lhe são oferecidas pra evitar as “travessuras” e os adultos passaram a curtir as fantasias cujas fotos vão rapidamente para as redes sociais e rendem inúmeras curtidas.
Também não vou ficar aqui defendendo o Saci-Pererê, personagem do folclore brasileiro que se tornou uma espécie de contraponto à festa americana. Acho uma grande besteira ficar alimentando essas competições nacionalistas em plena era da globalização.
Por que então eu comprei um saco de balas e fiquei à espera da visita das crianças fantasiadas do meu condomínio? É simples, porque não vejo nada demais na animação delas e acho divertido ver suas carinhas felizes, mesmo por trás das máscaras. Nem todos agem da mesma forma. Há aqueles que até reclamam a presença delas, se incomodando com o alvoroço que provocam. São pessoas amargas, que parecem não terem tido infância.
Vivemos um Halloween todo dia, em que monstros de todo o tipo e tamanho nos assombram cada vez que ligamos a TV no noticiário, que ouvimos o rádio, que acessamos os jornais via internet ou em papel (como eu ainda faço de vez em quando), ou quando nos deparamos com as fake news pelas redes sociais. Pandemia, violência, racismo, homofobia, desemprego, fome, desgoverno, queimadas, destruição das florestas, poluição, agrotóxicos, mudanças climáticas, alta do dólar, inflação de dois dígitos e por aí vai. Coisas que nos assustam, que nos atingem e com as quais não podemos nem negociar. Não se troca essas maldades por doces.
Como não me alegrar com essa criaturinha mascarada que veio bater à minha porta? Doces ou travessuras?
#halloween #crônicas #diaadia
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