Sábado é dia de ficar em companhia
de meu pai de 88 anos que tem Alzheimer. É um velhinho carismático, querido por
todos, mas que precisa ter sempre alguém por perto. Pela manhã, preparei o café,
separei os remédios que ele toma e resolvi dar uma corridinha rápida até o
laboratório para entregar umas amostras para exames (aquelas que são uma chatice,
mas, necessárias). Pensei comigo, “em no máximo vinte minutos vou estar de
volta”.
Em menos de dez minutos cheguei
lá e peguei a senha 82 (atendimento normal e não prioritário porque estava
sozinha). Sentei-me e logo descobri que estavam atendendo a número 68.
Incluindo as preferenciais o atendimento estava bem demorado. Observei que no
papel já havia o aviso – previsão de atendimento em 28 minutos, apenas para a
triagem.
Comecei a ficar aflita, pensando
no meu pai sozinho. Fui até uma das atendentes e perguntei se para entrega de
amostras a senha era a normal mesmo e ela me respondeu que sim. Voltei para a cadeira
já pensando em desistir. Apesar disso, fiquei lá.
Após algum tempo, ainda
preocupada, resolvi explicar minha aflição a elas, já me preparando para uma negativa,
já que todos ali também deveriam ter motivos para querer ir embora rapidamente.
“Você me desculpe, mas estou
preocupada com meu pai”, eu disse. “Ele tem Alzheimer e o deixei sozinho em
casa”. A atendente olhou bem nos meus olhos e pareceu entender a situação: “Pode
deixar, me dê o protocolo que te atendo, só não sei quanto tempo vai demorar
para a enfermeira te chamar”. Nessa
hora, outra moça apareceu no balcão e ela agiu rápido. “Você pode levar as
amostras dela?” “O pai tem Alzheimer e ficou sozinho em casa”. “Pode vir comigo”,
ela ordenou. Agradeci imensamente às duas. Dois minutos depois eu já estava
saindo de lá e correndo de volta para o apartamento.
No caminho fui pensando que
nenhuma delas duvidou de mim um só instante. As duas agiram com uma rapidez
inacreditável. Afinal, eu poderia ser uma dessas pessoas que adoram sair por aí
furando filas. Lamentei, com a pressa, não ter perguntado seus nomes - grandes
profissionais preparadas para atender os clientes com a dignidade que merecem.
Meus olhos se encheram de
lágrimas no carro e também agora quando revolvi contar para vocês essa história.
Oi Fátima!!! Sua história sobre esse atendimento e a sensibilidade das profissionais em questão são o dia a dia de quem trabalha na saúde. Trabalhei mais de 30 anos no serviço público e por inúmeras vezes casos como o seu ocorreram comigo, porém eu estava do outro lado; eu era a funcionária que simplesmente acreditou em você. Nessas hs a intuição é o que vale para o profissional. E como dizia minha mãe: Se a outra pessoa me enganou e não foi verdadeira, o problema é dela e não meu. Nunca me arrependi de ter atendido alguém prontamente ou passado na frente de outros quando julguei necessário. Abraço
ResponderExcluirObrigada por dar seu testemunho nesse caso. Bom saber que temos profissionais desse nível na saúde. Desculpe-me por só me manifestar agora, é que a moderação não estava me avisando dos comentários.
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