sábado, 27 de outubro de 2018

O diário de Anne Frank


Embora eu seja apreciadora das artes em geral, tenho que confessar que algumas vezes abdico do direito de apreciar um filme, uma peça, uma novela, um livro, só pelo impacto que imagino que ele poderá causar em mim.

Um excelente exemplo pode ser aquela versão da Paixão de Cristo criada por Mel Gibson. Só em ver os trailers e ler os comentários na época em que foi lançado, decidi que não queria assisti-lo de forma alguma, em virtude do excesso de violência que as imagens traziam. Ainda mais que, desde criança sempre tive uma reação curiosa quando assistia às versões anteriores desse trecho do evangelho. Por mais que saiba da morte de Cristo crucificado, toda vez que chega naquela parte em que Pilatos pergunta ao povo se deve libertar Jesus ou Barrabás, ainda torço para que escolham Jesus.

Para que possam me entender melhor, cito outro exemplo um pouco diferente: quando li o livro “Marley & eu” tive acessos de choro tão profundos quando chega a hora da morte do cão, que tive que interromper a leitura por várias vezes, para me recompor e ao final tinha os olhos todos inchados e o rosto tão abatido que parecia ter saído mesmo de um velório. Então, quando lançaram o filme, decidi não ir ao cinema, já imaginando o mar de lágrimas que tomariam conta de meus olhos e a cara que ficaria quando acendessem as luzes.

Pelo mesmo motivo, até hoje, não tinha lido o Diário de Anne Frank. Como é uma história muito comentada e verídica, achei que não queria conhecê-la a fundo, para não me abalar tanto. Li “A menina que roubava livros” e já pude ter uma noção da dor embutida nessas narrativas.

Pois foram os tempos que estamos vivendo, com uma ameaça no ar de agressão à democracia e do medo que surge lá no fundo de que episódios tão obscuros como os que aconteceram no passado possam ressurgir, me fizeram recorrer à leitura justamente do “Diário de Anne Frank” (já tenho em mãos outro título, que também havia excluído de minha lista de leitura,  “O menino do pijama listrado”, para ler na sequência).

A um dia do segundo turno das eleições para presidente, estou na metade do livro de Anne, cujo desfecho, ao contrário do das eleições, conheço bem, mas, temo que chegue.  O desfecho do livro não há como mudar, já está escrito. Das eleições, nós escreveremos amanhã.

3 comentários:

  1. Oi Fátima! Também não consegui assistir Paixão de Cristo pois no trailer vi cenas de violência que considero desnecessárias. Evito filmes com violência ou sem conteúdo. Mas o diário de Anne Frank deu pra assistir. Não pesaram a mão nas cenas. Abração

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  2. Oi Fátima! Realmente Paixão de Cristo também não deu pra mim. As cenas de violência que vi no trailer foram demais pra mim. Mas O diário de Anne Frank foi muito intenso porém não carregaram nas cenas . Um abraço.

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  3. É isso. Terminei de ler O livro. A forma como ela escreve é suave, ainda que a situação fosse crítica. O filme preciso assistir. Agradeço os comentários. Um abraço!

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